O DIRETOR



O Teatro invadiu minha vida no ensino médio para nunca mais partir. Foi na Escola, não foi em outro espaço, que eu aprendi a amar o Teatro. Lembro-me que antes disso, eu apenas “brincava de fazer teatro”. Mas, depois que adaptei “A Primavera da Lagarta”, de Ruth Rocha, com minhas colegas de magistério, entre elas a atriz e poeta Rita Santana, descobri que o Teatro era o caminho para o encontro com a vida e com as coisas que eu julgava verdadeiras.
         O Teatro me permitiu ler mais, entender o outro, me relacionar bem com as pessoas e ver o mundo. Ele me ensinou ainda a lidar com as tensões interiores de uma forma totalmente diferente; me fez conhecer a natureza dos sentimentos, sua lógica e continuidade. Descobri que toda paixão é um complexo de coisas experimentadas emocionalmente, o somatório de uma grande variedade de sentimentos.
       O Teatro me ajudou a ser pedagogo, professor, dramaturgo, escritor, educador ambiental, assessor de cultura, ator, produtor e, claro, diretor de teatro. Já são mais de vinte anos neste ofício e trinta espetáculos montados. Eu não sei se um dia, eu seria capaz de abandoná-lo. Muitos são os passos necessários que ainda precisamos dar. E, a Escola, repito, não é outro espaço, senão aquele que pode mostrar o caminho.




Pawlo Cidade, dramaturgo, produtor e diretor de Teatro; escritor com nove livros publicados; membro da Academia de Letras de Ilhéus; pedagogo; especialista em Projeto Culturais; assessor cultural da Fundação Cultural de Ilhéus.