“O processo de criação precisa ser o tempo inteiro
revisto. Uma coisa é o texto,
a outra é a concepção e uma terceira é a ação.”
No Teatro, mesmo que a gente já
tenha “estreiado”, continuamos ensaiando. A razão é muito simples: o processo
de criação precisa ser o tempo inteiro revisto. Uma coisa é o texto, a outra é
a concepção e uma terceira é a ação. Determinadas ações não funcionam no
decorrer do tempo ou estão mal construídas. Assim, no ensaio, tentamos corrigir
os defeitos e aprimorar a interpretação.
Em Capitães do Morro não poderia
ser diferente. Por se tratar de uma linguagem dramática incomum (pelo menos nos
palcos ilheenses) a que adotei, isto requer mais ainda a necessidade de
ensaios. E, mesmo a plateia que até agora assistiu ao espetáculo peça
explicações sobre determinados acontecimentos, eles não vão mudar. E, não se
trata de uma radicalidade, mas, de uma montagem que requer este tipo de
discussão.
Já falei em outros artigos,
entrevistas e até mesmo em bate-papos corriqueiros que o psicodrama é um método
que requer bastante atenção. O espetáculo pede concentração. Não é como um
filme que você pode dar pausa, ir ao banheiro, depois voltar e continuar. Se
você perde uma cena e tenta outra vez acompanhar a trama, ficará perdido.
Como explicar, por exemplo, a
volta de alguém que já morreu? Por que uma cena que poderia estar no começo do
espetáculo só aparece quase no fim? Porque o fim não pode ser o começo de tudo?
Por que a história começa com Luquinha e Binho e tem que terminar com Binho e
Luquinha? O que as pessoas pensam sobre tudo isso? Ou ainda: o que as pessoas
não conseguem enxergar que está tão claro? O que impede a plateia de
compreender a questão da escolha? De quem é a culpa de existir uma comunidade
como a do Morro, sob o domínio do tráfico e dos traficantes? O que faz o
indivíduo mudar de ideia quando ao seu futuro?
São perguntas como estas que
gostaríamos de ver surgir na plateia. Esperamos que os estudantes que irão nos
assistir nos dias 06 e 07 de agosto tenham esse entendimento. Mas, se não
tiverem, se fizerem questionamentos completamente diferentes, também não será
nenhuma surpresa, porque Capitães do Morro suscita este debate. Parece ser uma
história comum, com pessoas comuns, ambientes igualmente comuns. Pasmem ou não,
não é. Acredito que uma pergunta chave pode nortear toda a peça: Nós escolhemos
nosso destino ou ele já está escrito?
Melhor: nosso destino já está escrito, por termos a capacidade de
escolha, às vezes, decidimos por não seguir os capítulos que já estão escritos,
escrevemos outros. É assim? Eu, tenho minha opinião. E você, tem a sua? Que tal
discutirmos isso assistindo Capitães do Morro? O desafio está posto. A resposta
quem tem é você.
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