sexta-feira, 20 de julho de 2012

ENSAIOS CONTÍNUOS


O processo de criação precisa ser o tempo inteiro revisto. Uma coisa é o texto,
a outra é a concepção e uma terceira é a ação.”

No Teatro, mesmo que a gente já tenha “estreiado”, continuamos ensaiando. A razão é muito simples: o processo de criação precisa ser o tempo inteiro revisto. Uma coisa é o texto, a outra é a concepção e uma terceira é a ação. Determinadas ações não funcionam no decorrer do tempo ou estão mal construídas. Assim, no ensaio, tentamos corrigir os defeitos e aprimorar a interpretação.
Em Capitães do Morro não poderia ser diferente. Por se tratar de uma linguagem dramática incomum (pelo menos nos palcos ilheenses) a que adotei, isto requer mais ainda a necessidade de ensaios. E, mesmo a plateia que até agora assistiu ao espetáculo peça explicações sobre determinados acontecimentos, eles não vão mudar. E, não se trata de uma radicalidade, mas, de uma montagem que requer este tipo de discussão.


Já falei em outros artigos, entrevistas e até mesmo em bate-papos corriqueiros que o psicodrama é um método que requer bastante atenção. O espetáculo pede concentração. Não é como um filme que você pode dar pausa, ir ao banheiro, depois voltar e continuar. Se você perde uma cena e tenta outra vez acompanhar a trama, ficará perdido.
Como explicar, por exemplo, a volta de alguém que já morreu? Por que uma cena que poderia estar no começo do espetáculo só aparece quase no fim? Porque o fim não pode ser o começo de tudo? Por que a história começa com Luquinha e Binho e tem que terminar com Binho e Luquinha? O que as pessoas pensam sobre tudo isso? Ou ainda: o que as pessoas não conseguem enxergar que está tão claro? O que impede a plateia de compreender a questão da escolha? De quem é a culpa de existir uma comunidade como a do Morro, sob o domínio do tráfico e dos traficantes? O que faz o indivíduo mudar de ideia quando ao seu futuro?

São perguntas como estas que gostaríamos de ver surgir na plateia. Esperamos que os estudantes que irão nos assistir nos dias 06 e 07 de agosto tenham esse entendimento. Mas, se não tiverem, se fizerem questionamentos completamente diferentes, também não será nenhuma surpresa, porque Capitães do Morro suscita este debate. Parece ser uma história comum, com pessoas comuns, ambientes igualmente comuns. Pasmem ou não, não é. Acredito que uma pergunta chave pode nortear toda a peça: Nós escolhemos nosso destino ou ele já está escrito?  Melhor: nosso destino já está escrito, por termos a capacidade de escolha, às vezes, decidimos por não seguir os capítulos que já estão escritos, escrevemos outros. É assim? Eu, tenho minha opinião. E você, tem a sua? Que tal discutirmos isso assistindo Capitães do Morro? O desafio está posto. A resposta quem tem é você.



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